URSS Fora do Afeganistão, Exige a ONU

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As coisas começam a esquentar e o Brasil é contra o boicote


   A Assembléia Geral das Nações Unidas exigiu ontem a retirada "imediata, incondicional e total de todas as tropas estrangeiras do Afeganistão", após quatro dias de debates sobre a intervenção soviética naquele país. A resolução (que não cita nominalmente a URSS) foi apresentada por 24 países muçulmano e não-alinhados a aprovada por 104 votos - entre eles o do Brasil - 18 contra e 18 abstenções.

   Cuba, que na sua condição de líder dos não-alinhados tem mantido silêncio até agora, não apoiou a intervenção soviética, mas votou contra a moção, alegando que não pode alinhar-se "à reação e ao imperialismo, que trouxe à humanidade morte, opressão, atraso, fome, enfermidade e ignorância".

   Menos de 24 horas antes dessa votação, a União Soviética vetará no Conselho de Segurança da ONU a resolução norte-americana que pedia sanções econômicas contra o Irã para forçá-lo a libertar os 50 reféns da embaixada dos EUA em Teerã. O governo norte-americano qualificou o veto soviético de "um ato de cinismo político" e manifestou a intenção de, mesmo sozinho, aplicar um bloqueio econômico ao Irã.

   Em Islamabad, no Paquistão, "fontes diplomáticas ocidentais" revelaram ontem que uma divisão motorizada soviética, composta de cerca de dez mil homens, tomou posição na fronteira do Afeganistão com o Irã.

   Os Estados Unidos não conseguiram convencer o Brasil e a Argentina à participarem do boicote de cereais à União Soviética, em represália pela intervenção militar no Afeganistão.

   Uma fonte do Departamento de Agricultura norte-americano informou ontem que, nas reuniões em Washington, os EUA pediram ao Brasil e à Argentina que não "furassem" o embargo, mas nenhum dos dois países assumiu tal compromisso.


Terça-feira, 15 de janeiro de 1980