Morre o ministro da Justiça

0 comments / comentários

Presidente afirma que perdeu um "amigo leal"


   O ministro da Justiça, senador Petrônio Portela, faleceu ontem as 18 horas, vitimado por um choque anafilático. A medicação que tomava desde a crise gástrica que o acometera em Santa Catarina, na última sexta-feira, provocou uma reação fatal.

   Ainda a noite, o corpo do ministro foi transferido para o salão nobre do Senado, onde está sendo velado. O sepultamento deverá ocorrer às 16 horas de hoje, em Brasília.

   O presidente Figueiredo, acompanhado pelo vice Aureliano Chaves, pelo chefe do Gabinete Militar, general Danilo Venturini, e pelo ministro Said Farhat, esteve na casa de saúde Santa Lúcia, pouco depois do óbito. "Perdi, além de um colaborador, um amigo leal", foi a única declaração pública do presidente Figueiredo.

   O súbito óbito do ministro Portela deverá retardar por alguns dias o desenvolvimento dos planos políticos do Governo, entre eles a constituição do Partido Democrático, que sucederá a Arena como suporte do situacionismo. Hoje, deveria realizar-se uma reunião entre os próceres da nova agremiação, no Palácio do Planalto, para discussão do programa e dos estatutos do PD, com a presença do ministro da Justiça.

   Entre os ministros e políticos que compareceram à Casa de Saúde Santa Lúcia havia um consenso sobre as dificuldades a serem enfrentadas pelo presidente Figueiredo para substituir o seu ministro da Justiça, já familiarizado com o processo de abertura política desde o governo Geisel.

   As especulações correntes ontem a noite indicavam que o Governo deverá escolher novamente um político para o preenchimento dessa Pasta. Se for utilizado esse critério, o novo titular sairá provavelmente do grupo que integra a cúpula do Partido Democrático: o senador José Sarney, que deveria presidir a nova agremiação, o líder da maioria no Senado, Jarbas Passarinho, e o líder na Câmara, deputado Nelson Marchezan.

   Entretanto, a vaga poderá também servir para resolver o problema dos dissidentes de Minas Gerais, que exigem participação no ministério como contrapartida à sua integração no PD, que garantiria a supremacia do partido na Câmara. Caso o presidente Figueiredo se decida por esse caminho, o nome mais cotado para a substituição do sr. Petrônio Portela é o do senador biônico Murilo Badaró, que ocupou a vice-liderança da Arena até a extinção da legenda.

segunda-feira, 7 de janeiro de 1980