Além de duro ataque à URSS, China arma os rebeldes
O vice-primeiro-ministro chinês Teng Hsiaoping lançou ontem um duro ataque à União Soviética pela intervenção no Afeganistão e manifestou a intenção da China de ajudar os rebeldes muçulmanos afegãos que combatem as tropas soviéticas.
O ataque de Teng foi reforçado por um acontecimento sem precedente na história da China: a Organização Islâmica Chinesa divulgou um comunicado pela agência Nova China, no qual exorta os chineses, em especial os 20 milhões de muçulmanos que representa, a lançarem uma "decidida luta contra os atos brutais de agressão dos hegemonistas soviéticos" sobre "nossos irmãos islamitas afegãos".
A crise afegã poderá provocar uma aliança militar sino-norte-americana contra a União Soviética na Ásia. Ontem, o chefe do Pentágono, Harold Brown, que se encontra em visita oficial a Pequim, advertiu a URSS de que se os interesses comuns dos EUA e da China forem ameaçados "poderemos responder com ações complementares, tanto no campo da diplomacia como no da defesa".
Em Moscou, o órgão oficial do PC soviético, "Pravda", denunciou a eventual aliança militar sino-norte-americana e criticou energicamente as represálias adotadas pelo presidente Jimmy Carter contra a URSS.
Nos Estados Unidos, o senador e candidato à Presidência da República, Edward Kennedy, embora condenasse a intervenção soviética no Afeganistão, também criticou a decisão de Carter de cortar o fornecimento de cereais à URSS.
O Departamento da Agricultura, por sua vez, convidou ontem os principais produtores de cereais, entre eles o Brasil, para participarem de uma reunião em Washington, no próximo dia 11, com o objetivo de traçar uma estratégia comum contra a União Soviética.
Segunda-feira, 07 de janeiro de 1980