Brasil e Iraque cederam à pressão do Cartel Petrolífero

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Parceira Brasil e Iraque vai muito bem


  A renegociação do contrato entre a INOC e a Braspetro, pelo qual o Brasil perdeu o direito à participação no petróleo a ser extraído do gigantesco campo de Majnoon, no Iraque (com reservas estimadas em 7 bilhões de barris), foi atribuída ontem, por altas fontes do governo, a pressões da OPEP. A organização dos Países Exportadores de Petróleo estaria firmemente determinada a não permitir a venda, para o Brasil, do petróleo encontrado a preços de 10% abaixo do oficial. Com o argumento de que essa venda representaria uma concorrência desleal e poderia desequilibrar o mercado, a OPEP teria pressionado o Iraque, que, por sua vez, não deixou alternativas para o Brasil.
  Especialistas asseguram que nem a Pretobrás nem o Itamarati podem ser culpados pelos resultados finais da renegociação. Enquanto a Petrobrás resistia às pressões do Iraque em concluir rapidamente a pendência de exploração comercial futura de Majnoon, o Itamarati foi totalmente excluído das conversações, apesar de os entendimentos terem se realizado a nível de governo.
   Shigeaki Ueki, presidente da Petrobrás, defendeu ontem a renegociação, afirmando que não convinha ao Brasil, nem ao Iraque, a continuidade da Braspetro como operadora.

Em compensação, em relação à assinatura do acordo nuclear Brasil-Iraque, o general Samuel Alves Corrêa admitiu ontem, em Brasília, que o Pais posa vir a vender aos iraquianos "tecnologia sensível" no campo nuclear, assinalando que não vê nenhum impedimento, "caso haja interesse" das duas partes.
   Para o futuro embaixador brasileiro em Bagdá, "devemos vender o que o Iraque desejar, e,se desejar armamentos, venderemos armamentos".
   O general ALves Corrêa negou-se a comentar, no entanto, a crescente dependência do Brasil quanto a importação de petróleo iraquiano, afirmando que "essa é uma das perguntas que não gosto de responder".

11 de janeiro de 1980