Abi Ackel é o novo ministro da Justiça

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Indicação do deputado mineiro surpreende meios políticos


O presidente João Batista Figueiredo nomeou ontem o deputado situacionista Ibrahim Abi Ackel, de Minas Gerais, para a pasta da Justiça. Oficialmente, o convite foi feito às 15h30, porém, pela manhã, o chefe do Gabinete Civil, Golberi do Couto e Silva (de quem Abi Ackel é amigo pessoal), já havia comunicado a indicação aos senadores José Sarney e Jarbas Passarinho e ao deputado Nélson Marchezan.

Marchezan e Sarney, segundo Passarinho, disseram a Golberi que a nomeação de Abi Ackel garante a maioria do governo na Câmara, pois satisfaz os parlamentares do ex-PSD mineiro, do qual o novo ministro é oriundo. Os antigos 'pessedistas' estavam ameaçando entrar para o PP, caso não recebessem um Ministério.

Abi Ackel, cuja indicação surpreendeu os meios políticos, na primeira entrevista que concedeu no Palácio do Planalto definiu-se como um liberal, disse que é amigo de Tancredo Neves há vinte anos e que se considera um aprendiz em comparação com o falecido ministro Petrônio Portela. Afirmou que não considera oportuno tratar da Constituinte agora e que não exclui o emprego da censura, "se houver agressões". Acrescentou que não tem "posição definida a respeito de nenhum problema específico do Ministério, pois nem sequer tomei posse" - o que ocorrerá hoje à tarde.

"As definições - salientou - irão surgindo em consonância com a inspiração e determinação do presidente da República."

Abi Ackel, advogado, de 52 anos, era um dos vice-líderes do governo na Câmara. De 63 a 74, foi deputado estadual em Minas, chegando a exercer a liderança do governador Israel Pinheiro na Assembléia mineira. Tentou eleger-se deputado federal em 74, mas não teve votos suficientes. Ficou como suplente de Fagundes Neto, cuja cadeira assumiu em 75 e manteve ao ser eleito em 78.

09 de janeiro de 1980